Você sabe o que é um "troll"? Se não sabe, basta lembrar daquele menino
que ligou para o programa "Manhã Maior" da Rede TV! e mandou todo mundo
para um lugar não muito legal em rede nacional (vídeo abaixo). Caso
você não se lembre disso, deve se recordar o que certos "trolls" fizeram
com Rebecca Black, quando ela publicou o vídeo da música “Friday” no
YouTube (também abaixo). Ainda não captou? Então, tente lembrar daquele
seu colega de classe que vivia atazanando os outros apenas para
irritá-los, sem nenhum motivo aparente.
Estes personagens citados são os "trolls", pessoas que insultam,
perseguem e humilham outras pessoas gratuitamente. O termo deriva da
expressão "trolling for suckers" ("lançando iscas para os trouxas", em
português) e consiste justamente nisso: fisgar as pessoas, por meio de
ofensas, apenas para deixá-las nervosas.
Em termos jurídicos, a prática do troll se enquadra no bullying. No
entanto, segundo a advogada especialista em crimes digitais e direito
criminal, Gisele Truzzi, o troll às vezes tem um motivo mais pessoal e
possui certa satisfação em perceber que a vítima ficou irritada. "Também
é comum vermos casos em que o troll age justamente para levantar a
bandeira para algum lado político, social ou corporativo. Eles acabam
praticando a trollagem para que os outros fiquem mal falados e o lado
deles acabe se destacando", ressalta.
Para Lelê Siedschlag, redatora do blog Te Dou Um Dado,
que sofre trollagens com frequência e até ameaças à sua família, o
troll é uma pessoa que se incomoda com o sucesso alheio. "É gente que
tem como única intenção tentar tirar você do sério", comenta. Ela diz
que antes se incomodava muito com a trollagem e tentava interagir com os
trolls, mas resolveu mudar. "Hoje eu aprendi que isso é pior para todo
mundo", diz. "Só há duas maneiras de lidar com isso: ou você ignora
solenemente ou processa", completa.
No caso de Rebecca Black, ela se manteve indiferente e os trolls deram a
ela 167 milhões de visualizações, além de um contrato com uma
gravadora. Outra boa dica é ter humor nessas situações. Quando a vítima
não leva os insultos a sério, fica mais fácil ignorá-los. "Considero o
(auto) humor indispensável contra qualquer mal do mundo", finaliza a
blogueira Lelê.
Em casos extremos: Justiça!
Segundo Dra. Gisele Truzzi, um caso extremo de trollagem pode ser levado para a Justiça. O primeiro passo é tirar um print
da tela onde está a ofensa pública, dirigir-se a um cartório de notas e
solicitar rapidamente uma ata notarial lavrada por um tabelião. Também é
possível fazer um Boletim de Ocorrência e pedir aos administradores do
site ou rede social para excluírem os comentários.
Tanto no ciberbullying quanto na trollagem existe algo em comum: crime
contra a honra. A advogada explica que para que uma ofensa se torne um
crime contra honra (calúnia, injúria ou difamação) é necessário que ela
seja feita de forma pública. Uma mensagem no blog, comentário no
Facebook, tuíte ou emails com no mínimo três pessoas copiadas são
exemplos disso.
"A calúnia é quando o troll coloca uma característica atrelada a um ato
criminoso, sem que a pessoa tenha sido processada, acusada e julgada por
aquele ato. Já a injúria e difamação são parecidas. Na injúria o troll
ofende a honra subjetiva de alguém, ou seja, a imagem de si mesma,
enquanto que a difamação ofende a honra objetiva. Neste caso, essas
características negativas afetam a reputação da pessoa perante a
sociedade", explica. Esta última, aliás, é a mais comum nos casos de
troll e ciberbullying, de acordo com a advogada.
Já
para processar o autor da ofensa é mais complicado. De acordo com a
advogada, é preciso mover uma ação judicial contra o provedor de acesso
ou serviço para que eles identifiquem aquele usuário. Porém, no caso de
um provedor de internet, nem sempre a pessoa apontada como dona da conta
foi o troll. Já nas redes sociais é mais fácil encontrar a pessoa
exata, com exceção do Twitter que, por não ter representação no Brasil,
acaba dificultando o processo. "Se alguém achar que as ofensas estão
atrapalhando sua vida, deve procurar a Justiça", finaliza.
Você já foi vítima de trollagem ou ciberbullying? Conte-nos como superou esse fato nos comentários abaixo.
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